terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Parede de Papel

Um dia bem cedo acordei de um sonho lindo, levantei-me, e, ainda sentada na cama deitei um olhar sonolento pela parede branca mesmo aos meus pés. E pensei …que pálida, triste e cansada era aquela parede!
Logo imaginei pintá-la de mil cores suculentas e atrevidas, e outras tantas doces e ternurentas. Que bem disposta me faria acordar todos os dias! E de tanto imaginá-la todas as manhãs, e de tanto a idealizar perfeita, já não era feliz sem ela.
Então procurei por todo o lado, e corri cantos e fundos. Quando menos esperava, numa loja rasca de esquina vi um papel de parede que me deixou maravilhada.
Corri para casa a colá-lo.
Tão feliz que era todas as manhas, só de saber que ia acordar para vê-la. Os meus dias eram tão mais alegres e cheios de vida.
Mas com o tempo começou a descolar-se de uma ponta…e de outra… todas as pontas. Abriu rasgos nas extremidades, mas eu preservava-o, queria tê-lo ali para sempre, já não era nada sem toda aquela cor na minha vida.
Até que numa manha, acordada de um sonho me deparo com a minha pálida e triste parede…branca.
Já nem me lembrava de como ela era imperfeita. Na verdade ela sempre foi uma triste, fatigada e frouxa parede branca. Nunca quis ser mais que isso, Eu é que a quisera sempre uma coisa que ela não era de todo. Quis esconde-la atrás de cores e fantasias que eram fruto da minha imaginação. Na verdade a parede colorida nunca existiu, apenas um papel fraco e barato me iludia a vista.